Modificar seus hábitos, costumes e estilo de vida em prol da saúde pode não ser uma tarefa fácil. Afinal,
comportamentos que adquirimos durante anos, mesmo que nos façam mal – como, por exemplo, o
sedentarismo, uso abusivo de alguma substância ou alimentação hipercalórica – não se transformam da
noite para o dia, e exigem um trabalho psíquico para que possam ser alterados, substituídos.
Para compreendermos os processo de mudança em saúde, um modelo de compreensão que pode ser
bastante útil para você, futuro(a) enfermeiro(a), consiste no Modelo dos Estágios de Mudança ou Modelo
Transteórico proposto por Prochaska e DiClemente. Neste modelo, a mudança de comportamentos em
saúde passa por cinco estágios, como descrevemos a seguir:
Estágio 1- pré-contemplação: a pessoa não apresenta uma intenção séria de mudar o próprio
comportamento, e, em muitos casos, nem acredita que tenha um problema.
Estágio 2 – contemplação: a pessoa está ciente de que tem um problema, mas não tem a intenção imediata
de mudar os próprios hábitos.
Estágio 3 – preparação: a pessoa manifesta intenção de mudar o comportamento, mas não consegue
efetivar.
Estágio 4 – ação: a pessoa se engaja e se compromete, a fim de alterar o próprio estilo de vida.
Estágio 5 – manutenção: a pessoa continua a obter bons resultados e passa a agir, de forma preventiva, para
conseguir alcançar o objetivo final.
Fonte: BORDIN, J. C.; RODRIGUES, A. C.; FAUNE, T. A. Psicologia Aplicada à Saúde. Maringá: UniCesumar,
2022.
Ah, é importante considerar que, de acordo com esse modelo, as pessoas não passam de um estágio a
outro de maneira progressiva, linear, mas passam por momentos de avanços e retrocessos, até completar a
mudança de maneira consistente. Assim, nosso jovem pode estar em uma determinada etapa e passar pro
algum processo de recaída ou desistência, o que não significa fracasso do processo terapêutico, mas uma
oportunidade de aprendizagem e reavaliação das estratégias.
Suponha que você já esteja formado(a), e atue como enfermeiro(a) em uma Unidade Básica de Saúde. Entre
seus atendimentos, surge Dona Euclídia, uma senhora de 63 anos que mora sozinha, tem uma renda de um
salário mínimo, e que procura constantemente o serviço de saúde para consultas relativas a dores pelo
corpo. Tem hipertensão, mas nenhum outro diagnóstico. Você nota que ela procura o serviço muitas vezes
queixosa, chorosa, e que exibe melhora a partir da conversa contigo. A equipe já tentou realizar orientações
para atividades físicas e participar de algum serviço de convivência para pessoas idosas, mas ela sempre
colocou obstáculos diante desses encaminhamentos.
Compreendendo os estágios de mudança, você não classifica a idosa simplesmente como “não adere ao
tratamento ou aos encaminhamentos”, mas entende que ela se encontra muito provavelmente no Estágio 2,
contemplação, pois ela tem ciência dos problemas de saúde, na medida em que procura a UBS
constantemente, mas ainda não se engajou na mudança.
Considere então que você inicia os atendimentos com a Sra. Euclídia: descreva quais são suas ações em
cada uma dessas etapas (pré-contempação, contemplação, preparação, ação e manutenção).